Opinião de Ricardo Andrade
Estamos aqui Brasil?
5 de novembro de 2018
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Durante largos meses a situação política no Brasil, nosso país irmão, foi um dos temas mais falados na política internacional e até mesmo na política nacional.
Em Portugal, multiplicaram-se as análises políticas, proliferaram artigos de opinião, fizeram-se manobras de marketing com vista a apoiar uns ou outros candidatos, gastaram-se rios de tinta e horas de televisão e rádio. Mas acima de tudo assistiu-se a um desfilar de conteúdos mais ideológicos do que racionais, a conjeturas muitas vezes pouco esclarecidas e com base em preconceitos com reduzida base de sustentação e a uma diabolização de uns e a uma beatificação de outros.
Tornou-se recorrente um tom moralista e de altivez ao opinar acerca das escolhas de um povo independente, de um povo que, como todos, deve ter o direito de escolher o seu futuro sem ser julgado ou condenado por isso.
Os brasileiros foram apelidados de irresponsáveis, radicais, manipuláveis ou até mesmo de pouco inteligentes. E a tudo isto fomos assistindo e fomos sendo levados a escolher lados sem pararmos para pensar que “não devemos fazer aos outros o que não gostamos que nos façam a nós!” Fomos sendo encaminhados para um caminho de tanta intolerância como a que, naturalmente, criticamos. Fomos caindo na tentação fácil de atirar pedras a todos e mais alguns sem tentar estudar, refletir ou compreender as motivações de quem tinha o peso da decisão do seu futuro.
Ainda agora que a decisão já foi tomada por quem tinha que a assumir, a turba agita-se em cenários catastrofistas e em gritos de censura pela decisão, ao invés de procurar entender e, como qualquer amigo ou irmão, de estar lá para o que der e vier.
Como há uns anos escutávamos num programa de televisão: ”O juiz decidiu, está decidido”. E como tal o fundamental é procurar compreender, finalmente, que mais do que julgar um povo a que estamos intimamente ligados, se torna essencial aprender a respeitar as decisões dos brasileiros sabendo elogiar se o resultado for bom e não crucificar se for menos bom.
Porque agora se torna fulcral aproximar e não afastar. Só assim poderemos dizer com toda a humildade e sentido de inter-ajuda:
“Estamos aqui Brasil!"
“Sem preconceitos! Sem julgamentos aprioristas!“