Opinião de Ricardo Andrade
Autárquicas aí à porta!!
3 de abril de 2021
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Depois de alguns dias a debater a temática da data da realização das Eleições Autárquicas, parece agora ser mais claro que as mesmas não serão adiadas. Teremos então, previsivelmente, por volta de setembro, uma das escolhas mais importantes no panorama político nacional. Escrevo que uma das mais relevantes porque não só as Autarquias são o poder político tido como o mais próximo das pessoas como, habitualmente, a abstenção é menor quando falamos de Eleições Autárquicas do que quando falamos de Eleições Europeias, Presidenciais ou até mesmo de Eleições Legislativas.
Esta costumeira maior afluência às urnas nestas eleições não pode ser desligada da identificação entre eleitos e eleitores e da proximidade habitualmente associada ao poder local. E se isso já era verdade no passado, ainda mais o é agora quando foram as autarquias a tomar a dianteira de uma grande parte da luta contra a pandemia.
Quantos não nos lembramos de muitas medidas tomadas por Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, bem perto de nós, mesmo antes de o Governo as tomar? Quantos não nos recordamos do papel de destaque que alguns Presidentes de Câmara Municipal, que hoje bem conhecemos, tiveram ao demonstrar que existiam soluções locais para além dos planos nacionais desenvolvidos pelo Governo para procurar combater o COVID-19? Quantos não estivemos atentos à forma como muitos autarcas não se esconderam e assumiram críticas e divergências claras com o Governo perante várias medidas que trilhavam um caminho duvidoso no combate a este flagelo que nos assola desde o ano passado?
Se juntarmos todos estes factos, será fácil de entender porque começamos a receber, diária e mais frequentemente, anúncios de candidaturas a Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia bem como posicionamentos políticos acerca de temáticas locais que, por vezes pareciam esquecidas.
Nada mais legítimo...julgo eu... do que levantar problemas e apresentar soluções para tornar melhor as vidas de todos. E esse é um dos aspetos que penso mais assinaláveis nas Eleições Autárquicas... fala-se mais do que realmente interessa à maioria que é aquilo que é mais próximo e relevante para todos e não apenas de questões macro que pouco dizem à generalidade das pessoas mas que muita tinta fazem correr.
Mas estas Eleições Autárquicas não vão ser apenas um debate acerca do que é importante para as pessoas, de quais as soluções para os problemas existentes ou do que tem estado errado no rumo tomado pelas Câmaras e Juntas do nosso país. Infelizmente... e espero estar errado... serão também a oportunidade para aqueles que (como referi neste espaço em setembro do ano passado) teimam em utilizar logros e patranhas para “entre uma e outra divisão, entre um caso ou outro, entre um tweet e um post, entre uns arranjos gráficos e uns vídeos apelativos, entre uns discursos mais ou menos elaborados e uns textos oficiais, entre a aparência de serviço público e de espírito coletivo”, procurarem seduzir o eleitorado com faits divers apelativos e supostamente bombásticos ou até mesmo pelo levantar de questões de outros, procurando apropriar-se de bandeiras que podiam ter defendido durante quatro anos mas que teimaram em ignorar e que agora abordarão (se é que não abordaram já nos últimos dias) por mero taticismo político.
Sim…temo eu… seremos inundados por fake news e por discursos facilitistas utilizando não apenas as redes sociais mas a proteção e cobertura dada por meios supostamente isentos e independentes. Sim.. suspeito eu… assistiremos a “extreme makeovers” e a fénixes renascidas tentando ludibriar os eleitores do mal que lhes fizeram no passado seja por ação seja por omissão.
Mas se é aqui que reside a minha preocupação também é aqui que se encontra o maior desafio para os eleitores, um pouco por todo o país e, seguramente, no Concelho de Loures.
Nunca o desafio de uma escolha esclarecida e informada foi tão importante. Nunca o papel dos eleitores em escolherem igual (se quiserem a continuidade) ou verdadeiramente diferente (se buscarem mudar para melhor) foi tão essencial.
Porque a escolha não será, julgo eu, apenas entre permanecer na mesma ou mudar. Será também entre apostar em quem mais garantias nos oferece para fazer diferente e mais pelas pessoas e ou naqueles que apenas procuram seduzir os eleitores acenando com discursos inflamados tentando cavalgar no descontentamento ou até mesmo na imagem de outros que nada têm que ver com as disputas autárquicas. Será também uma escolha entre preparação e conhecimento ou falta deles. Será também uma escolha entre a segurança de uma escolha consciente ou o arriscar em fórmulas já gastas ou em supostas novidades que ou não têm nada de novo ou a única novidade que têm é serem vendidas como o que não são.
Por isso penso que não devemos deixar para amanhã o que podemos fazer hoje e devemos todos ter bem presente que as Eleições Autárquicas não são num futuro longínquo mas sim já amanhã e devemos começar a procurar informação e esclarecimento nunca nos esquecendo que… as Autárquicas estão aí à porta!