A opinião de Ricardo Andrade
Até já Herói!!
10 de abril de 2018
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Nos últimos meses tenho partilhado neste espaço vários pensamentos um pouco mais virados para a temática política em geral e para várias opções políticas no Concelho de Loures em particular.
Desta vez não o farei. Nestas linhas de abril de 2018 não o conseguiria fazer. Nesta altura, a política só pode ficar em segundo plano.
Porque na vida podemos julgar que escolhemos os momentos mas são eles que nos escolhem a nós. Porque existem alturas em que parece que levamos um “murro no estômago” que nos faz repensar muito do que havíamos pensado serem dogmas. Porque, por mais que julguemos o contrário, somos muito mais pequenos do que aquilo que, inúmeras vezes, pensamos que somos.
Entrei neste mês a esperar que a notícia do falecimento do Pedro Santos Pereira fosse uma mentira do dia 1 de abril antecipada. Quis muito convencer-me de que, pelo menos neste caso, uma pessoa boa não teria partido cedo demais. Agarrei-me ao sentimento de que continuaria a ter o “Herói”, pelo menos, à curta distância de um telefonema que ele jamais deixaria de atender na hora ou de retribuir mal conseguisse.
Mas, como muitas outras vezes, a decisão não estava nas minhas mãos nem nas das inúmeras pessoas que privam com o Pedro.
A única decisão que podemos agora tomar é a de não esquecer um daqueles de que gostamos. A única coisa que podemos agora fazer é sermos o que o “Herói” gostaria que cada um de nós fosse. Um dos únicos caminhos no nosso mapa é aquele em que procuramos merecer a atenção que nos foi dada pelo Pedro. No meu caso é parar de pensar no que poderia ter sido diferente e focar-me no que faz sentido ser. É rever cada conversa, cada debate de ideias, cada divergência, cada lição encapotada, cada telefonema, cada mensagem e muito mais, indo buscar um pouco daquilo que estava escondido pelo calor do momento ou por tudo aquilo que, vezes sem conta, nos cega e nos impede de nos focarmos no realmente relevante.
Para mim é pensar que o director do “Notícias de Loures”, Pedro Santos Pereira deixou um legado que devo procurar honrar e que o “Herói” me deixou memórias que devo recordar e passar a outros para que as acarinhem como eu farei.
Porque para mim, existirão sempre os vários lados do Pedro que me marcam de formas distintas mas complementares. Porque para mim, ainda existe um caminho a fazer para continuar a debater com o “Herói” como se ele não tivesse desaparecido. Porque para mim, não aceitar um “adeus” é a melhor forma de acreditar num “até já”.