Opinião de João Pedro Domingues
E a hipocrisia continua
8 de março de 2023
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E o impensável continua a persistir.
Na madrugada de 24 de fevereiro do ano passado, a guerra regressou à Europa. Apesar de as tropas russas se amontoarem há muitos meses junto à fronteira com a Ucrânia, ninguém supunha que a invasão pudesse ocorrer.
O ditador Putin, que sempre considerou a Ucrânia como parte integrante do império russo, invadiu, destruiu e chacinou milhares de cidadãos ucranianos.
A soberania, a independência e a integridade territorial de todos os países do mudo, sem exceção, é algo que nada representa para o imperialista russo.
A Rússia anseia por uma conquista imperialista, e tem como único objetivo a reconstrução da antiga União Soviética, tão cara a quem liderou com mão de ferro o de má memória KGB.
Não importa para que isso aconteça, os custos que lhe podem estar associados, nem as vítimas que deixa semeadas no terreno.
Temos de recordar que, já em 2008, a Rússia tinha invadido a Geórgia, em 2014 anexado a Crimeia, hoje invade a Ucrânia na tentativa de a subjugar, e amanhã, se tivesse sucesso, quem sabe, seria provavelmente a Moldávia e/ou a Polónia.
E já se passaram 12 meses de guerra. Meses de bombardeamentos, de verdadeiros massacres e de uma completa destruição. Nada se poupa, nada nem ninguém. Hospitais, escolas, creches, homens, mulheres crianças e idosos, tudo tem estado na mira do genocida.
Não podemos nem devemos ficar indiferentes, perante as verdadeiras atrocidades que diariamente são perpetradas pelo exército russo e pelos seus esquadrões de mercenários.
A Rússia esperava que, com a questão energética e as suas implicações na vida das populações, a Europa se pudesse manter fora da guerra, não participando numa ajuda militar a um país invadido.
Mas não, as relações com um regime verdadeiramente criminoso não podem ser uma coisa natural, normalizada, bem pelo contrário. As sanções que têm sido impostas deveriam ser muito mais duras. Os russos deveriam sentir na pele aquilo que estão a infligir a um povo que já fez parte da sua família.
A Rússia quis dividir a Europa. Mas conseguiu precisamente o contrário. Uniu todos os países democráticos em torno da Ucrânia. E a NATO, mostrou que não é somente uma aliança militar, mas igualmente uma aliança genuinamente unida, solidária.
Por cá, a vergonha e a incredulidade persistem.
Quando Marcelo Rebelo de Sousa anunciou que, quando se comemora, infelizmente, um ano de invasão e de guerra, decidiu condecorar o povo ucraniano através do seu presidente Zelensky, o partido comunista português reage.
E de que forma? Criticando brutalmente esta decisão, apelidando o presidente ucraniano de xenófobo, belicista, antidemocrático e de se encontrar no poder sustentado por forças de cariz nazi.
É preciso topete e falta de vergonha.
O PCP, mesmo com um secretário geral renovado, continua a querer escrever a história, mas só está a cavar a sua própria sepultura, levando um partido, que deveria ser fundamental no espectro politico português, para um desaparecimento a prazo, adotando posições que são totalmente incompreensíveis para todos, inclusive, direi eu, para muitos militantes comunistas.
Enfim, é o PCP no seu melhor.
E a hipocrisia continua.