Gastrono.minhas
Tempero no ponto
9 de agosto de 2022
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Quando lhe pergunto como conheceu Portugal, responde que veio de férias desde a sua cidade natal, La Rochelle, em França e que logo se apaixonou pelo nosso País, a ponto de pouco depois fixar residência no Montijo.
Xavier Charrier, que, desde menino, já havia revelado o seu interesse pela cozinha, ainda em França recebeu formação na área, o que lhe permitiu chegar a Portugal com alguma experiência, há cerca de 17 anos.
Assim, cedo se iniciou na Charcuterie Française, no “Pátio do Linhó”, em Sintra.
Mais tarde, viria a integrar o Bistrô “la Parisienne”, no Chiado, em Lisboa, onde teve mais sucesso, e posteriormente um restaurante temático na Praia da Torre, na Costa da Caparica.
O Destino havia de cruzá-lo com Sónia Figueiredo, - sua atual esposa -, com quem detém atualmente o agradável espaço onde estão instalados e que dispõe de uma magnífica vista para o Tejo na esplanada coberta no varandim do prédio.
É um espaço simples e descomplicado que abriram juntos cerca de uma semana antes de a pandemia da Covid-19 nos entrar a todos pela vida dentro.
Mas não foi isso que os levou a desistir do seu sonho e recuperaram o seu negócio.
O “Tempero no ponto” faz almoços e jantares, mas também tem para servir petiscos variados pelas tardes, de entre os quais sobressaem uns magníficos caracóis cozidos e caracoletas assadas.
Foi, no entanto, o almoço que me levou até Pirescoxe – Santa Iría de Azóia.
Para entrada, o Xavier apresentou um excelente presunto ibérico pleno de sabor a que não consegui resistir.
Mas a surpresa total, foi quando revelou que tinha Arinto de Bucelas.
- De salientar, que nas minhas lides gastronómicas, infelizmente, são muito raros os restaurantes que apresentam na sua carta opções neste vinho de eleição e que constitui uma das imagens de marca do nosso concelho. –
De uma ementa diariamente renovada e que quase nunca repete, permite-lhe oferecer um menu diário em função do prato entre os 9.50€ e os 13.50€ onde se destacam o Esparguete com camarão, as Bochechas confitadas em vinho tinto ou a Posta Mirandesa.
Às sextas-feiras tem atualmente, em tempo de verão, como especialidade o Choco frito e no inverno um Cozido à portuguesa, apenas por encomenda.
Dos pratos do dia optei por umas lulas recheadas acompanhadas de um arroz de legumes e fechei com uma “Claffoutis” de cereja, outra especialidade da casa, com inspiração francesa e que surpreende pelo contraste da frescura da cereja na base de tarte de natas.
É este o conceito do chef Xavier que, sem pretensiosismos, continua a inovar e a criar todos os dias novas conjugações de sabores e a que convido a uma visita.
Uma nota final, para a simpatia do casal que sabe cativar a clientela e para a nobre missão assumida ao ser um parceiro da cadeia de “Refood local”.