Gastronomia
RESTAURANTE DO ANTÓNIO
6 de junho de 2022
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Estamos em junho, mês de arraiais, de santos populares e de boa sardinha assada.
Tudo isso, e já com algum calor, faz-nos lembrar a boa disposição e aquele êxito de Carlos Paião, a “Marcha do peão das Nicas”, que dizia “… viva o Santo António, viva o São João, viva o 10 de junho e a Restauração…”.
Tomando como mote algumas palavras deste tema, e em homenagem à restauração – que não a da letra -, neste mês de junho, digamos que o João foi visitar o António.
Assim, em busca de boa sardinha, fui ao “Restaurante do António” em Sacavém.
Sim, aquele mesmo que é conhecido por muitos como “António do peixe” e que durante 24 anos esteve de portas abertas na vizinha localidade da Bobadela e que encerrou em 2018.
Há cerca de um mês, António Jesus, reabriu agora, nas suas palavras, “…porque rejuvenesci e estava farto de estar parado ...”
Ainda na Bobadela, optou por trabalhar apenas com peixe, porque lhe ganhou o gosto “... há muitos anos de férias no Algarve a assar para amigos”.
Agora aqui, neste recuperado espaço de restauração na Avenida Estado da Índia, assim continua e recebe diariamente peixe fresco da doca de Setúbal.
É a frescura que salta à vista no expositor onde os clientes se dirigem para escolher e onde António os cumprimenta e pergunta o que é que vão comer, enquanto dirige olhares estratégicos pelas mesas para verificar onde e quando se irão sentar.
Escolha feita, é o próprio António que coloca o peixe nas bandejas e o encaminha para a grelha, para depois ser ele mesmo que o conduz depois de assado à mesa onde serve os clientes.
Pelo caminho entre uma e outra travessa escutam-se as suas vozes de comando ao grelhador “tira-me esses salmonetes ...” ou “vira-me aquele pregado ...”, próprio de quem conhece o ponto certo de assadura e o gosto de cada cliente.
É evidente a forma como os clientes retribuem em tom familiar este cuidado, registando com agrado este regresso de António à atividade.
Aqui a variedade é grande e a carta apresenta um preço variável, consoante a dose ou o peso de cada espécie, sempre com uma qualidade irrepreensível.
A minha escolha foi pelas sardinhas, mas confesso que fiquei a babar com as restantes opções, principalmente pelos apetitosos salmonetes e enormes postas de peixe espada preto.
Em boa hora o fiz, pois estavam verdadeiramente bem assadas no ponto certo, e com o calibre certo, (no meu gosto) e que faz a diferença entre a sardinha de Setúbal e a de Peniche.
Acompanhei com um fresco vinho branco e fechei com umas boas cerejas, também elas fruta da época e que remataram na perfeição a qualidade da sardinha.
Deixo assim, aqui um conselho: Se são apreciadores de bom peixe, não deixem de visitar o António.