Ninho de Cucos
Weyes Blood - And in the Darkness, Hearts Aglow
4 de dezembro de 2022
Partilhar
Após o lançamento de “Titanic Rising” em 2019, devidamente assinalado na altura, no Noticias de Loures, Natalie Mering, aliás Weyes Blood, cantora, compositora e multi-instrumentista, catapultou o projeto para um nível muito elevado.
Com as palavras deixadas logo nos minutos iniciais de “And in the Darkness, Hearts Aglow”, 5º álbum de originais lançado no dia 18 de Novembro, pela editora Sub Pop, Weyes Blood, não só mostra ao que vem, caprichando na melancolia criativa do trabalho anterior, como estabelece uma relação de cumplicidade e diálogo com quem a escuta desde o tema de abertura “It’s not just me, it’s everybody“.
Segundo capítulo da trilogia iniciada com Titanic Rising, o álbum marcado pela vulnerabilidade das canções, “And in the Darkness, Hearts Aglow” é o irmão do meio, nascido na pandemia, capaz de superar esse momento de dificuldade, melancólico mas iluminado pela esperança da superação.
Neste cenário marcado pela incerteza, Natalie Mering vai fundo na construção de temas terapêuticos para diferentes traumas emocionais, medos e angústias, como em “God Turn Me Into A Flower” ou no excelente “Grapevine”, música a ombrear com o ambiente que podemos encontrar por vezes na obra dos Cocteau Twins, embora de uma tal uma densidade emocional que parece pertencer somente à artista californiana. Um misto de dor e permanente senso de libertação.
Natalie Mering e o principal parceiro de produção, o multi-instrumentista Jonathan Rado (The Killers, Father John Misty), focaram-se num repertório de contrastes, onde arranjos de cordas e sopros ao estilo chamber pop de Brian Wilson ou Joni Mitchell, porém, pontuados pelo uso de sintetizadores cósmicos que ampliam os limites do álbum, alternam com temas de psicadelismo acústico em “The worst is done”, por exemplo.
Natalie Mering proporciona-nos em “And in the Darkness, Hearts Aglow”, uma dose igualmente repartida entre envolvencia e provocação . Um delicado exercício de exposição emocional que sobrevive por conta própria, mas que abre passagem e faz aumentar a expectativa para o último capítulo da trilogia sentimental de Weyes Blood.
E que na escuridão os corações continuem a brilhar!