Anuncie connosco
Pub
Opinião
João Alexandre – Músico e Autor
João Alexandre
Músico e Autor

Ninho de Cucos

The Slow Show

7 de fevereiro de 2015
Partilhar

Nasce uma estrela

The Slow Show banda inglesa, de Manchester estreia-se em 2015 (precisamente na próxima 2a feira, dia 9 de Março) com o álbum “White water”. “E em que medida tal aconte- cimento se revela importante para destaque numa publicação regional?”, perguntarão alguns. Respondemos nós: “Em toda a medida por se tratar de uma excepcional estreia e de um álbum a figurar com certeza no que de melhor se fez e fará neste ano de 2015 na área do pop rock.” Formados em 2010, os Slow Show são o tipo de banda menos previsível quando se pensa em Manchester e na tradição dos artis- tas oriundos da cidade mais musi- cal do Reino Unido.

Mas depois de Joy Division, Stone Roses, Smiths e Oasis entre outros, há um inter- valo de tempo onde faltam as bandas marcantes. Os Slow Show aparecem em 2015 como forte candidato a tal herança. Numa abordagem intimista mas épica centrada na extraordinária voz de barítono de Rob Goodwin os temas da banda desenvolvem- se precisamente a partir desse assombroso timbre vocal ou de um piano minimalista para culminar em coros grandiosos, cinemáticos arranjos de cordas e metais e tex- 14 CULTURA Ninho de Cucos The Slow Show Nasce uma estrela tos sobre amor e morte.

Há quem os aproxime bem mais a uma veia americana (como Johnny Cash) que à vertente artística do noroeste de Inglaterra. Desde há 5 anos, 1 ep e 2 momentos de rádio na BBC e programa de Dermot O’Leary despertaram, curiosamente, o interesse de alguns agentes do meio musical fora do Reino Unido. Resultado, a banda assina contra- to com a editora alemã Haldern Pop Recordings ligada ao bem sucedido Haldern Pop Festival e acaba por efectuar alguns concer- tos na Europa em salas esgotadas. Para o vocalista Rob Goodwin, o sucesso é ter um público que escute a realmente a música dos Slow Show. E é incrível e verdadei- ramente tocante ver pessoas que vão ter com a banda em lágrimas no fim dos seus espectáculos.

No álbum “White water” a banda levou um tempo infindável no processo de gravação, talvez a fazer jus ao seu próprio nome mas essencialmente porque a busca de um perfeccionismo e a própria exigência a que a banda se impõe levaram-na a suportar os custos de contratação de uma secção de cordas e metais com mais de 30 músicos. Tarefa demorada e dispendiosa mas com resultados à vista e que colocam a fasquia muito elevada quanto a uma pró- xima edição. Para já, neste disco de estreia são apresentados 11 temas sem pon- tos fracos.

Ainda assim os singles “Dresden” e “Bloodline” são monu- mentais, grandiosos sem presun- ção e com potencial de clássicos. “Brother” é inspirado na história contada pelo avô de Goodwin sobre a morte por cancro do seu irmão de 16 anos. “Augustine” é uma canção sobre um último adeus, “Bad day” de uma infinita melancolia e “God only knows” utiliza o poder de uma secção de metais para criar o maior impac- to emocional. Tudo ao comando daquela voz poderosa e grave ora quase falada ora apaixonadamen- te cantada. Ontem à noite assistimos em Londres, ao concerto de apresen- tação deste novo disco. Dele dare- mos conta em edição futura.

Steve White, baterista de Paul Weller considera a os Slow Show como o actual produto de exporta- ção mais refinado de Manchester, música para o coração e a alma. Nós temos a certeza que banda e disco merecem a atenção de todos porque isto não acontece todos os dias.

Nem todos os dias nasce uma estrela!

Última edição

Opinião