Anuncie connosco
Pub
Opinião
João Alexandre – Músico e Autor
João Alexandre
Músico e Autor

Ninho de Cucos

Temples - Hot Motion

6 de outubro de 2019
Partilhar

Foi no passado dia 27 de Setembro que pela mão da editora ATO Records chegou aos escaparates e à rede de forma oficial, o terceiro registo de originais dos britânicos Temples, uma banda de rock psicadélico formada por James Edward Bagshaw (vocalista e guitarrista), Thomas Edison Warsmley (baixista), Sam Toms (baterista) e Adam Smith (teclista e guitarrista).

Este quarteto natural de Kettering, estreou-se nas edições em 2014 com o auspicioso e muito brilhante “Sun Structures”, uma mistura de Marc Bolan/T Rex e Beatles da sua fase mais psicadélica, num experimentalismo sonoro muito trippy e glam, sem que no entanto isso significasse abandono do conceito pop das suas canções.

3 anos depois foi editado “Volcano”, o muitas vezes difícil segundo disco que conheceu a luz do dia, de facto sem o fulgor do seu antecessor mas o quanto baste para alimentar tours e protagonismo em muitos festivais mundo fora.

“Hot Motion” gravado no estúdio caseiro do vocalista James Bagshaw, levou 2 anos a concretizar-se, segundo o próprio press da banda e não é nenhuma revolução ou sequer renovação daquilo a que a banda nos habituou.

Música sobre as tensões do desejo, sobre sonhos e pesadelos e com direito a um hipnótico vídeo da autoria de David Lynch, “Hot Motion”, tema-título, começa por impressionar pela pujança e virtuosismo da bateria e dos seus timbalões saltitantes e pelo modo como esse instrumento assume as rédeas na condução do tema, mantendo-se sempre por cima, mesmo quando as guitarras repletas de Leslie, efeito clássico utilizado na música psicadélica, mostram todo o seu esplendor, nomeadamente no refrão.

A majestosidade e o esplendor instrumental da composição, acabam por fazê-la resvalar claramente para os anos 70, precisamente a época de afirmação de alguns dos melhores intérpretes do rock experimental e progressivo da história do rock clássico, uma abordagem que não é nova por parte dos Temples que se espalha naturalmente ao longo do disco e que divide parcialmente a crítica, desde o exagero negativista da pitchfork que se refere a “Hot Motion” quase como um produto fake, ou um sub-produto MGMT, de bons músicos, grandes arranjos e… muito pouco mais (se lermos a restante crítica percebemos que há no autor da mesma, muitos anticorpos face aos Temples, banda estilizada, de capa de revista de moda retro), até à opinião excitada em sentido inverso da Q Magazine que fala em triunfo, rápidas variações de estilos e uma invenção sónica.

Enfim, críticos de música! “Hot Motion” dos Temples é um disco que vale a pena escutar e que os apreciadores de rock dos anos 70, irão por certo gostar. Destaque para os temas: “Hot Motion”, “You’re either on something”, “Context” e “It’s all coming out”. TemplesOfficial

Última edição

Opinião