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João Alexandre – Músico e Autor
João Alexandre
Músico e Autor

Ninho de Cucos

Primavera a 4

10 de abril de 2018
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Março de 2018 revelou-se um mês rico de edições musicais mundiais marcantes no que ao pop rock respeita.

Apresentamos neste número do Notícias de Loures, 4 destaques para novos trabalhos musicais, a saber, Guided By Voices – “Space Gun”, Editors – “Violence”, Frankie Cosmos – “Vessel” e Embrace – “Love is a basic need”, o leque do mês é tão variado de propostas que oferece ainda reedições dos Pet Shop Boys. Led Zeppelin ou Crowded House, coletâneas de Jimi Hendrix ou Monochrome Set, veteranos para Breeders, Buffalo Tom, Stone Temple Pilots e Yo La Tengo, raridades dos Fleshtones, consolidação e continuação de carreira para Of Montreal, Albert Hammond Jr e Whyte Horses e estreias para Naked Giants, A Certain Smile e Moaning.

Os Guided By Voices (GBV) são uma banda americana indie rock de Ohio formada em 1986. Durante mais de 30 anos o grupo sofreu inúmeras alterações na sua formação com mais de 20 músicos a passar por ele, mas isso em nada diminuiu a prolífica capacidade de composição de Robert Pollard, o resistente e imagem de marca dos GBV. A música deste grupo é um misto de jangle pop e post-punk mais artístico ligado a uma estética musical muito lo-fi.

Nos primeiros anos de atividade os GBV não passaram de um hobby e foi já em plena década de 90 que conquistaram reputação para ser levados a sério e então angariar uma base grande de seguidores mais ou menos fiéis.

Fórmula de canções curtas, algumas delas a não chegarem aos 2 minutos, resquícios sonoros dos Big Star de Alex Chilton, dos REM, Pavement e Bob Mould são bem evidentes. O álbum “Space Gun”, ao que consta o 25º da banda não foge a esta matriz, tem 16 temas e está ao nível dos melhores que a banda editou nesta sua longa carreira.

Os Editors, banda formada em 2002 em Birmingham são já nossos conhecidos tal é a frequência com que o grupo se apresenta nos Festivais de Verão, normalmente como headliners e com performances vigorosas.

Em “Violence”, 6º álbum de originais, o grupo pela mão do produtor Leo Abrahams viaja aos territórios dos U2 da era “Achtung baby” passando pela eletrónica de pista de Giorgio Moroder entre outras referências, afastando-se do som inicial colado à depressão urbana dos Joy Divisison, apesar do timbre barítono de Tom Smith nos remeter para Ian Curtis. Eventualmente um Ian Curtis mais altruísta já que Tom Smith escreveu um dos singles do álbum “Hallelujah (so low)” imediatamente após regressar do Norte da Grécia onde esteve a ajudar refugiados sírios.

Todo o disco se baseia num equilíbrio muito bem conseguido. Para além do referido tema, “Magazine”, “No sound but the wind”, Nothingness” e “Counting spooks” são temas de nivelamento “por cima” de “Violence”.

Aos 24 anos Greta Kline, filha de dois atores americanos, é apaparicada pelos movimentos media indie nova iorquinos que a colocam de certa forma num plano que a própria não imaginaria. Greta Kline é Frankie Cosmos, aliás Frankie Cosmos é agora uma banda ou assumida como tal pois todo o trabalho de composição é de Kline que muito nova começou a gravar canções em ambiente DIY, em casa e por isso este é já o seu 3º trabalho. Canções pop simples e relativamente despidas, sob melodias e harmonias vocais muito ao jeito de um certo estilo indie pop rock americano, gravadas de forma orgânica, tanto que no disco se escutam os risos entre temas, ou até os erros que não se escondem na produção e misturas.

Frankie Cosmos passará em Paredes de Coura no mês de agosto para apresentar as canções de “Vessel”.

Os Embrace regressam aos discos 4 anos depois com “Love is a basic need”, 7º trabalho que é literalmente um regresso neste caso ao brit pop do seu álbum estreia “The good will out”.

Canções de estádio, mid tempo ou lentas em jeito de baladas adocicadas pela voz de Danny Mcnamara e composição do irmão Richard ao estilo dos Verve, Oasis e Coldplay não sei se serão nos dias que correm o prato predileto da crítica musical mundial mas canções como “The finish line”, “Wake up call”, “Snake oil” e o tema título “Love is a basic need” têm potencial e apesar de relativamente semelhantes entre si, merecem a escuta.
Os Embrace decidiram que só editariam este álbum se tivesse o nível dos seus primeiros trabalhos e essa aposta foi ganha.

Nunca passaram por Portugal e só por mero acidente poderão passar pois a banda nunca por cá foi divulgada.

Concluir um artigo preparado durante a semana num momento em que o nosso querido diretor Pedro Pereira e amigo “Herói” como sempre o conheci, já não está entre nós é mesmo muito amargo e doloroso.

Um abraço à família!

Não serás esquecido pelo teu sorriso e sobretudo porque foste sempre uma pessoa boa e íntegra.

Adeus Pedro, até sempre!

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