P'la caneta afora
SER SOLID(T)ÁRIO
12 de dezembro de 2019
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E eu, ao tempo, aprendi: E eu não sabia! Tudo depende da bala e da pontaria; tudo depende da raiva e da alegria. Cantámos Seis cantigas de Amigo durante a Ronda do Soldadinho. Mas mudam-se os tempos, mudam-se as vontades e descobrimos uma Margem de Certa Maneira.
A Mãe cantava Marchas Populares com a Gente do Norte-Moncorvo Torre e havia sempre Gente e um Cantar de Viúva de Imigrante. O Ladrão do Pão, sabia Ser solidário e ao FMI perguntava-se; Qual é a tua ó meu? O S. João do Porto era A Noite de Correspondências. E José Mário Branco ao vivo em 1997 cantava Canções escolhidas. E todos com ele gritámos em uníssono que, Resistir é vencer! Falar hoje de José Mário Branco é difícil. É mais difícil! Como falar de Zeca Afonso ou de Adriano Correia de Oliveira ou de Carlos Paredes.
É muito difícil! Nestas alturas apetece elevar o silêncio à Sinfonia mais completa e ficar a observá-lo em atitude contemplativa. Reunir o silêncio e os Amigos à volta de uma mesa e talvez com um jarro de vinho tinto, umas azeitonas, uns nacos de pão e umas rodelas de chouriço e deixar falar a memória sem saudosismos bacocos.
E convidar a ética e a moral (no seu significado mais lato). Mas o que é preciso, é nunca esquecer que: A cantiga é uma arma/ e eu não sabia/ tudo depende da bala/ e da pontaria tudo depende da raiva/ e da alegria/ a cantiga é uma arma/ de pontaria há quem cante por interesse/ há quem cante por cantar/ há quem faça profissão/ de combater a cantar/ e há quem cante de pantufas/ para não perder o lugar O faduncho choradinho/ de tabernas e salões/ semeia só desalento/ misticismo e ilusões/ canto mole em letra dura/ nunca fez revoluções a cantiga é uma arma (contra quem?)/ Contra a burguesia/ tudo depende da bala/ e da pontaria/ tudo depende da raiva/ e da alegria/ a cantiga é uma arma/ de pontaria Se tu cantas a reboque/ não vale a pena cantar/ se vais à frente demais/ bem te podes engasgar a cantiga só é arma/ quando a luta acompanhar Uma arma eficiente/ fabricada com cuidado/ deve ter um mecanismo/ bem perfeito e oleado/ e o canto com uma arma/ deve ser bem fabricado a cantiga é uma arma (Contra quem camaradas?)/ Contra a burguesia/ tudo depende da bala/ e da pontaria/ tudo depende da raiva/ e da alegria a cantiga é uma arma/ de pontaria/ a cantiga é uma arma/ de pontaria. Até amanhã, Zé Mario! Dá um beijinho por mim à Manuela!