Paisagens e Patrimónios
Rota das Linhas de Torres em Bucelas
4 de abril de 2022
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Esta crónica visa chamar a tenção dos nossos leitores para uma exposição temporária intitulada “Invasões” que poderá visitar no Centro de Interpretação das Linhas de Torres, em Bucelas. Esta mostra estará patente ao público até 30 de junho e é uma excelente oportunidade para conhecer um pouco mais sobre este período tão marcante da história nacional e internacional.
O grupo Modelstep, em colaboração com os serviços culturais municipais, mostram um conjunto de dioramas que pretendem representar alguns dos episódios da Guerra Peninsular. Assim, além de maquetes de algumas das fortificações edificadas nesse contexto, como o Forte da Ajuda Grande entre outras, outros dioramas evocam o avanço das colunas militares pelo território, os seus acampamentos, bem como a fuga das populações para a zona de Lisboa, fugindo ao conflito entre o exército francês e luso-britânico.
Estes dioramas foram meticulosamente construídos com base em investigações históricas por parte do referido grupo que há várias décadas se dedica ao modelismo e particularmente ao estudo das Invasões Francesas.
Recordo que as minhas primeiras crónicas neste jornal foram precisamente sobre a Rota Histórica das Linhas de Torres, projeto turístico e cultural que uniu vários municípios e outras entidades com o objetivo de salvaguardar, investigar e divulgar um conjunto patrimonial único, valor reconhecido nacionalmente ao receber a classificação de património nacional.
Este sistema defensivo conhecido como Linhas de Torres Vedras foi edificado essencialmente entre 1809 e 1810 para defender a cidade de Lisboa e o seu porto estratégico da 3ª Invasão Francesa comandada por Massena. Tratou-se de uma obra de grande envergadura e representou na altura uma inovação em termos de defesa de um território: uma conceção de defesa em linha, com a construção de duas grandes linhas defensivas que atravessaram o território da Estremadura, do rio Tejo à costa atlântica; uma conceção em rede, todas as fortificações estão relacionadas entre si, de forma que conseguiam bater em fogo cruzado de artilharia as principais estradas de acesso à capital; criação de uma rede de estradas que possibilitavam a mobilidade das tropas e também o seu abastecimento; e, a implementação de um sistema de comunicação, os telégrafos óticos, adaptados da marinha inglesa, que possibilitavam uma comunicação muito mais rápida entre os vários pontos militares do sistema.
Convém, salientar, que embora tenha sido Wellington quem deu ordem para a edificação deste sistema, o reconhecimento do território indispensável para a concretização de qualquer defesa militar já tinha sido realizada por um militar português, Neves Costa, que tinha elaborado um mapa da região e anotado os locais mais indicados para a construção de fortificações defensivas. Não podemos deixar de lembrar do esforço das populações civis indispensáveis para o esforço da guerra, não só fazendo parte das equipas que nos altos dos montes construíram os mais de 150 fortes que fazem parte do sistema, mas também do esforço para a manutenção dos exércitos e dos combates.
Outro fator importante na estratégia de Wellington na época, foi a implementação de uma politica de terra queimada, como forma de destruir qualquer possibilidade de abastecimento ao exército francês à medida que avançam para sul, em direção a Lisboa.
Ao visitar esta exposição, além de toda a informação sobre o contexto do conflito que assolou Portugal nos inícios do século XIX referido centro de interpretação o público poderá observar alguns fortes construídos meticulosamente à escala e de acordo com as pesquisas históricas, e também tropas em movimento pelo território.
É o nome da exposição de dioramas no Centro de Interpretação das Linhas de Torres (CILT) de Bucelas, localizado no Museu do Vinho e da Vinha.
Patente até 30 de junho, a exposição pode ser visitada de terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.
Venha visitar-nos!