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Opinião
Florbela Estevão – Arqueóloga e Museóloga
Florbela Estevão
Arqueóloga e Museóloga

Paisagens e Patrimónios

Nova definição de Museu

4 de setembro de 2022
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Em crónicas anteriores já tive a oportunidade de partilhar algumas noções sobre o conceito de museu e a sua transformação ao longo da história. No caso português, a presença deste tipo de instituição no nosso quotidiano aumentou consideravelmente após a revolução de Abril, nomeadamente com a proliferação dos museus locais promovidos pelas autarquias, como forma de promover a sua identidade local.
Os museus, sejam locais ou nacionais, de território ou monográficos, em espaços fechados ou mesmo sítios musealizados ou de ar-livre funcionam principalmente como espaços de memória, partilha de um património considerado fundamental e comum, onde a componente educativa tem assumido um papel de destaque.
Ao nível mundial existe um organismo designado como Internacional Council of Museums (ICOM) que se dedica à preservação e divulgação do património natural e cultural. Trata-se de uma instituição não-governamental (ONG), criada em 1946, sem fins lucrativos que visa servir como guia orientador não só para as atividades dos diferentes museus, como para os museólogos a nível mundial.
Este organismo mantém relações formais com a UNESCO e tem estatuto consultivo no Conselho Económico e Social das Nações Unidas. Ao nível nacional existe um comité português do ICOM onde o leitor interessado poderá consultar o site e estar ao corrente das principais preocupações, noticias, entre outras informações sobre a sua atividade. https://icom-portugal.org/
A notícia atual é sobre o resultado de uma nova reunião do ICOM, a qual se realizou em Praga, na República Checa, onde foi aprovada no dia 24 de agosto uma nova definição de museu. A versão anterior, já com 15 anos, era contestada por alguns dos membros do ICOM, mas só este ano foi possível alargar o conceito de museu no sentido de incluir a inclusão, sustentabilidade, acessibilidade e diversidade.
Convém salientar que o ICOM sendo uma instituição mundial implica que a aprovação de qualquer alteração a conceitos e práticas necessita de um largo consenso. Isso explica a demora e resistência na alteração na noção de museu. De facto, este organismo sendo muito importante não pode ser muito inovador por procurar uma posição consensual entre os vários membros. O que significa que muitos museus já integram nas sua missão, definição e atividade as preocupações agora integradas na nova definição.
O conceito anterior datado de 2007, mas que na sua génese remonta aos anos 70 do século XX afirma que “o museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, e que adquire, conserva, investiga, comunica e expõe o património material e imaterial da Humanidade e do seu meio envolvente com fins de educação, estudo e deleite”.
A nova aprovação afirma passa que “Um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade, que pesquisa, coleciona, conserva, interpreta e expõe o património material e imaterial. Os museus, abertos ao público, acessíveis e inclusivos, fomentam a diversidade e a sustentabilidade. Os museus funcionam e comunicam ética, profissionalmente e, com a participação das comunidades, e proporcionam experiências diversas de educação, fruição, reflexão e partilha de conhecimento”. Assim, é claro o reforço na procura de uma maior participação das comunidades nos vários campos de atividades dos museus, onde a inclusão, diversidade e sustentabilidade não podem ser descurados. Os museus devem, portanto, contribuir na sua medida para uma cidadania ativa e informada.

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