Mel de Cicuta
Na era do distanciamento… a proximidade
4 de setembro de 2022
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O Covid trouxe muitas variáveis complexas. Não querendo escalpelizar em excesso, vou centrar-me numa variável: o distanciamento. O permitir que pessoas mais idosas ficassem isoladas e com medo; que muitas famílias com menos capacidade financeira passassem fome e tivessem as linhas de comunicação e apoio com capacidade de resposta diminuída; o obrigar crianças de várias idades a não poderem brincar com outras crianças ou a ficarem fechadas em casa… e muito, muito mais.
Sei que é uma matéria complexa mas acredito que hoje a grande missão do poder político, acima de tudo das juntas de freguesia e das câmaras municipais, é de contrariar este ciclo doloroso e criar linhas de proximidade, ou seja, redes de apoio efetivo a quem mais precisa. Desenvolver ações públicas que permitam o convívio e a partilha. O início deste mês coincide com mais um aliviar nas restrições de uso de máscara, tema fraturante, no qual, confesso, estar completamente de acordo com esta medida. Abre um pouco mais o nosso país a um novo ciclo que desconhece, até pela inflação brutal que se vive, que vamos ter de cortar nos nossos orçamentos familiares, reduzir, mais uma vez, as nossas escolhas, nesta fase não por medo do Covid, mas por incapacidade financeira. É a nova e triste realidade multifatorial que todos procuram sempre imputar a A ou a B, por ser mais fácil. Curiosamente, aquele um por cento mais rico do mundo ficou mais rico e continua a enriquecer, sem que coletivamente consigamos reagir perante o que nos acontece, ficamos sem reação. Por isso, o meu apelo para as pessoas, as IPSS’s, as entidades públicas e políticas é simples: por favor, ativem as redes sociais existentes, criem-nas, se necessário, mas, acima de tudo, não se esqueçam, que nesta era do distanciamento, temos de ser líderes de proximidade.
Acredito muito em Portugal e na nossa capacidade de dar novos mundos ao mundo. Quem sabe, por aqui possa nascer uma nova consciência social que nos faça chegar a um nível em que se perceba que é preciso fazer algo urgente pelo excessivo crescimento da população, pelo lixo, pela água e pelo saneamento básico.
No que precisarem, e por estes quatro pilares, contem comigo.