Mel de Cicuta
A vantagem das importações
6 de novembro de 2022
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Do ponto de vista económico, as importações têm sempre um custo, é sempre preferível termos a capacidade de produziir aquilo que necessitamos.
A vantagem das importações é podermos escolher aquilo que, verdadeiramente, necessitamos e procurar obter uma ótima relação qualidade preço.
Sendo eu um homem de comunicação, olho para o Halloween, com alguma estranheza. É certo que ver as crianças sorrirem, entupidas de doces me cria um sentimento paradoxal. Por um lado a felicidade dos ver alegres, por outro a estupefação de perceber que nos deixamos invadir, de forma não criteriosa, por produtos de importação.
Se este fosse caso único, se calhar não era tema, mas a verdade é que as estratégias de comunicação e marketing, a proliferação de redes sociais, e a falta de critério por parte da população, transforma, altera, muda, a identidade de uma sociedade, de um país, e essa alteração, nem sequer é para melhor. Noutros tempos os produtos de importação eram de excelência, raridades, aquilo que de bom se fazia lá fora e que transformava um momento em algo mágico. Depois o desenvolvimento do mercado, passou a ser também, uma forma de encontrar produtos mais baratos E que de uma ou de outra forma nos faziam falta. Hoje, ou se calhar sempre, e eu andava distraído, passou a ser um atestado de ignorância associado a um conjunto lato de atos consumistas dos quais, eu próprio, de forma direta ou indireta, também faço parte.
Muitos dirão qual é o problema? Até é divertido. E é verdade. A questão está acima de tudo na nossa incapacidade de separar o trigo do joio, de permitir a nossa perda de identidade, e de uma evidente permeabilidade. E muitas das coisas simplesmente são inúteis mas, mantêm uma espécie de ADN de país pequeno, com o estigma de que o que vem de fora é que é bom.
Não querendo moralizar mais, a todos os que muito se divertiram ótimo mas, não se esqueçam que no nosso país, de norte a sul incluindo as ilhas temos um conjunto lato de tradição, um rasto de festa e alegria, quer religiosa quero pagã que muito nos dignifica, basta alimentar com a mesma intensidade com a mesma alma com a mesma capacidade de nos divertirmos naquilo que é nosso. O que temos na nossa terra também é bom, e nem tudo o que vem de fora o é.
Viva Loures. Viva Portugal