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Filipe Esménio – Director
Filipe Esménio
Director

Opinião de João Pedro Domingues

A Carris Metropolitana

3 de julho de 2022
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Há muito, e já muito se tem falado da ignóbil invasão da Ucrânia e das atrocidades cometidas por um perigoso lunático que põe em causa a ordem pública e a segurança da Europa e do Mundo.
Já se começam a sentir, um pouco por todo o lado, os efeitos nefastos dessa absurda guerra. Portugal não foge à regra, e todos nós já estamos a sentir essa dura realidade. Muitos preços dos bens essenciais começam a apresentar valores proibitivos para as famílias mais carenciadas.
Para além dos bens alimentares e dos combustíveis, também a construção civil através de revisões de preços de obras que se encontram a decorrer, disparou para valores não previsíveis, com acréscimos de 30 a 40% sobre os preços inicialmente contratados.
As Câmaras Municipais começam a sentir grandes dificuldades em honrar esses compromissos, e, pior ainda, a ter dificuldades em cumprir as promessas assumidas nas campanhas eleitorais, dado o aumento exponencial de matérias-primas e da mão-de-obra.
Com esta realidade como pano de fundo, quero aqui abordar um tema que criou e continua a criar grande expectativa, e que é, ou melhor, era, a entrada em circulação da Carris Metropolitana, em julho, na área geográfica de Loures, para além de Mafra, Odivelas e Vila Franca de Xira.
Num dos lotes da margem sul, em 1 de junho, o início da operação apresentou grandes deficiências, como descoordenação, falta de organização e planeamento, o que motivou uma entrada em funcionamento com grande conturbação e com o consequente desagrado dos autarcas e da população.
É certo que se viam novos autocarros nas ruas, mas verificaram-se falhas nas carreiras, horários nem sempre cumpridos, autocarros lotados, alterações na rede, enfim, aconteceu tudo o que não era suposto acontecer.
No lote de Loures, que irá ser operado pela Rodoviária de Lisboa, constatou-se a um mês do início da operação, falta de um número bastante significativo de viaturas novas, que se encontram na fábrica da Mercedes para entrega, mas ainda com falta de componentes para o seu funcionamento, o que não permitia com exatidão perspetivar a data para a sua disponibilização. A guerra da Ucrânia a produzir efeitos também nesta área de atividade.
Para além das viaturas, os sistemas de informação necessários a esta prestação de serviços estão também em falta, pois são provenientes de mercados na área do conflito, o que constitui outra das razões para a impossibilidade da Carris Metropolitana entrar em funcionamento em 1 de julho, como estava previsto.
Este novo serviço de transporte público de passageiros só deverá entrar em operação quando todos sentirmos que o mesmo será um sucesso e não defraudará as nossas expetativas. As conquistas iniciadas com a redução tarifária e o passe Navegante, não podem ser questionadas por algo puder não correr bem, se houver precipitação nas decisões.
Assim, e a meu ver, muito bem, os Presidentes das Câmaras da margem norte do Tejo, decidiram que esta operação deverá ter o seu início em janeiro de 2023, mantendo-se até lá inalterados todos os serviços, que existiam até agora, não se podendo registar nenhuma supressão na sua oferta.
Todos devemos pugnar para que a Carris Metropolitana seja uma realidade, mas dando os passos certos e com a garantia que tudo vai correr como todos sempre ansiamos: todos queremos um transporte público de qualidade.

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