Editorial
Primeiras vezes
11 de dezembro de 2024
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Ufff…
Sento-me para escrever este texto e revejo rapidamente como foi este ano.
Caramba! Tantas lições e tantas reviravoltas.
Comecei o ano a ter um bebé em janeiro. O mês que todos os anos me parece enorme, frio e interminável veio em 2024 quentinho, tranquilo e cheio de ilusões de uma vida idílica e glamourosa como as que seguia nos Instagrams das mães bloggers. Nada podia ser mais distante.
Descobri os segredos mais bem guardados da maternidade, a parte que ninguém conta, as dores (e não são as do parto), a despersonalização e a questão sempre presente “Quem sou eu e será que estou a fazer isto bem?”.
Também não sou eu que vou revelar estes segredos.
Tudo o que implica ter um bebé tem tanto de doloroso como de compensador. E melhora, todos os dias.
Não sabia o que era ser a pessoa favorita de alguém.
Sabia ainda menos que esta sensação podia ser sentida por causa de alguém que ainda não sabe falar, e acabámos de conhecer.
Às vezes ainda não acredito que tenho um ser totalmente dependente de mim, de MIM… que ainda preciso tanto de colo.
Não vos vou aborrecer com a conversa romântica de como é ver o primeiro sorriso, ouvir a primeira gargalhada, a primeira noite bem dormida, a primeira papa… não vou contar que não caibo em mim de orgulho, de felicidade e de amor.
Também não vou vitimizar-me com a privação de sono e com as dores de costas. Na verdade estou exausta como nunca achei ser possível.
Vou antes concentrar-me em desejar a todos um 2025 cheio de primeiras vezes.
A descoberta do mundo também nos dilata a alma.
Não é preciso ter um bebé e deixar de ter tempo para quase tudo, basta ter uma nova curiosidade sobre o que nos rodeia e escolher ver o lado novo.
Em situações adversas parar e perguntar “qual é a parte boa disto?”, ter a calma para nos sentarmos com a ansiedade e perguntar o que é que o nosso instinto nos diz.
E se tivermos essa paciência, podemos aprender a tomar conta de nós como se fossemos alguém totalmente dependente, que acaba de chegar ao mundo, e sermos a nossa pessoa favorita… E não somos mesmo?
Partilho uma imagem do meu bebé e eu vestidos de igual. A primeira vez que nos vestimos a condizer foi ainda na maternidade, quando ambos usámos fralda. Mas isso são os segredos da maternidade que eu não vos vou contar.