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Cristina Fialho – Chefe de redação
Cristina Fialho
Chefe de redação

Editorial

Não é draminha, é MISOFONIA!

6 de março de 2019
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Inspirada por um futuro guitarrista (ou não), que escreveu que comprou uma guitarra e não sabe tocar, mas não faz mal porque quem o ama continuará a amar e quem não o ama continuará a não amar… resolvi abordar aqui uma questão que me é sensível e absolutamente enervante.

Sofro de Misofonia.

Miso=abolição/ódio, fonia= som.

Não é uma fobia, não se trata de medo de som, mas de uma condição neurológica que desperta uma série de sintomas físicos que vão desde raiva, choro, pânico, irritação excessiva que pode levar a atitudes de falta de educação, exagero e pode estragar o resto do dia todo só porque alguém ao pé de nós esteve a sorver uma sopa.

E isto é grave.

Já deixei empregos por causa disto, já conheci quem não se sentasse à mesa com a família, já tive um ataque de choro à mesa no almoço de natal, já gritei com um amigo numa esplanada que estava na mesa ao lado a fazer barulho com uma lata (desculpa João!), já eliminei da minha vida pessoas que têm a voz demasiado aguda, que mastigue de boca aberta, vou a casa de banho chorar um bocadinho se alguém ao pé de mim utiliza o som das teclas do telemóvel e relógios com ponteiros de segundos ruidosos dão-me vontade de arrancar as sobrancelhas uma a uma.

Não vou ao cinema porque não aguento as pipocas, das últimas vezes que fui, não me orgulho mas despejei água no banco ao lado do meu para que ninguém se sentasse lá, mas tive o azar da senhora atrás de mim batucar com a ponta da bota nas minhas costas. Não consegui ser simpática quando lhe pedi para parar…

Não vou a uma discoteca com medo que a música tenha batuques, fico doida!

Não consigo falar com alguém que esteja a bater com as unhas na mesa e nas reuniões em que estejam a tirar notas com o pc o barulho das teclas dá cabo de mim.

Esta condição bloqueia-me a vida e é vista como “és muito sensível-zinha” ou “tens ouvidos de tísica”.

Onde é que isto tem a ver com guitarras? Nadinha. Só sei que por aquela ordem de ideias, neste mundo cabem todos os ritmos e sons…

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