Editorial
E quem não tem vírus?
5 de dezembro de 2020
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A cerveja é mais barata porque o cantor ao vivo também é meio desafinado. É servida até às 12h45, depois disso só em copo de plástico mas não pode beber na rua, só se for de surra aqui debaixo do toldo.
Esta palhaçada que o Covid só está de serviço ao sábado e domingo a partir das 13h dá comigo em doida, mas nem vou entrar por aí...
Estava em março, pestanejei... e estou em dezembro.
Perdas. Sofrimento. Miséria. Despedimentos em massa. Atrocidades que o mundo não via há séculos atingiram-nos e eu fui uma sortuda que fiquei no sofá com os meus gatos, a minha família (graças a Deus) em segurança e estou aqui para falar de uma pandemia muito grave que atinge muito mais do que um Covid.
A saúde mental.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) é perentória quando escreve no seu site: “A saúde mental é uma das áreas mais negligenciadas da saúde pública. Quase um bilhão de pessoas vivem com um transtorno mental, três milhões de pessoas morrem todos os anos devido ao uso nocivo do álcool e uma pessoa morre a cada 40 segundos por suicídio. E agora, bilhões de pessoas em todo o mundo foram afetadas pela pandemia covid-19 que está a ter um impacto adicional na saúde mental das pessoas.”.
O homem já foi capaz de ir à lua e nós temos dias em que nem conseguimos sair da cama. Triste, verdade e lixado!
O convívio é o primeiro passo para o equilíbrio emocional e a socialização é organizadora e fortalecedora de emoções.
É urgente, terapêutico, insubstituivel.
De forma segura, ponderada, tudo bem. Mas urgente.
Confinamento, não há ajuntamentos mas comícios e cenas… pimbas!
É como o calendário do advento, os chocolates vêm atrás de janelinhas minúsculas com números e é um por dia, mas ninguém respeita o advento e nem nunca ninguém ligou. Que se lixe.
Quem é mais desobediente goza o prato, conforme lhe apetece.
Achava que éramos brandos nos costumes, não nas ações.
Salvem quem conseguirem.
Não sacrifiquem quem não está com o vírus.