Unidade de Saúde Pública Loures Odivelas
O médico não me passou antibiótico! E agora?
3 de dezembro de 2018
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Todos os anos, em novembro, surge a Semana Mundial dos Antibióticos (este ano de 12 a 18) e o Dia Europeu do Antibiótico (dia 18). Esta campanha desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (CEPCD) tem como objetivo principal sensibilizar para a utilização correta dos antibióticos, quer pelos cidadãos quer pelos profissionais de saúde envolvidos na sua prescrição e distribuição, contribuindo para a diminuição da resistência das bactérias aos antibióticos.
Mas afinal, o que são os antibióticos e porque é que a resistência aos antibióticos constitui uma ameaça?
O primeiro antibiótico (penicilina) foi descoberto em 1928, e representou um marco importante na história da medicina. De facto, a antibioterapia permitiu diminuir a mortalidade e aumentar a longevidade das populações. Contudo, os antibióticos apenas são eficazes quando o agente que causa a infeção é uma bactéria. E existem imensos outros microrganismos capazes de provocar doença, como vírus, fungos, entre outros, e para os quais os antibióticos não trazem qualquer benefício, podendo até ser prejudiciais, pois podem interferir com outros medicamentos, provocar reações alérgicas, contribuir para a morte de bactérias comensais (bactérias que se encontram em todos nós, importantes na defesa do nosso organismo) ou até mesmo permitir o crescimento de bactérias resistentes. E como? Ao usarmos os antibióticos desnecessariamente, estamos a permitir que as bactérias comuns desenvolvam mecanismos que lhes conferem resistência aos antibióticos normalmente usados, colocando em causa a sua eficácia e utilidade e obrigando ao uso de antibióticos mais agressivos e caros.
Todos temos um papel importante no combate a esta crescente resistência, pois todos somos responsáveis pela nossa própria saúde e todos podemos influenciar a saúde dos que convivem connosco. Primeiro há que reduzir o consumo de antibióticos através da prevenção da propagação das infeções, melhorando, por exemplo, as medidas de higiene e aderindo ao plano de vacinação. Se um antibiótico é necessário, este deverá sempre ser tomado até completar os dias indicados pelo seu médico, mesmo que se sinta melhor antes; e nunca deverá tomar um antibiótico que não seja recomendado por este. O papel do médico em travar esta ameaça da resistência aos antibióticos passa por prescrever antibioterapia apenas aquando da suspeita de uma infeção bacteriana.
Com a chegada do outono, vêm também as gripes, as constipações, a tosse e o nariz entupido. A maioria destas doenças são causadas por vírus e portanto o uso de antibióticos não está recomendado. Mesmo que os sintomas tardem a desaparecer (podem demorar até 3 semanas), o antibiótico não vai melhorar a história natural da doença. Nestas situações apenas podemos tratar os sintomas. O melhor é esperar e só usar um antibiótico se posteriormente se verificar uma sobreinfeção bacteriana. Ainda assim, se os sintomas forem persistentes ou se preocuparem deverá consultar o seu médico, para que este possa confirmar que nada de grave se passa, prescrever a medicação necessária e aconselhar medidas que o façam sentir melhor. Sempre que o seu médico não lhe prescrever um antibiótico, não insista e peça antes para que ele lhe explique porque é que o antibiótico não vai ajudar.
O uso de antibióticos deve ser racional, pois só assim traz benefícios tanto para o doente individualmente, como para a comunidade.