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Opinião de João Pedro Domingues

Metro para Loures não pode ser uma utopia

4 de agosto de 2019
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Em junho de 2011, publiquei um pequeno artigo de opinião em resposta à não intenção do alargamento da linha de Metropolitano a Odivelas, Loures e Amadora, em que afirmava que os compromissos para com os cidadãos de Loures estavam postos em causa. Hoje, passados já alguns anos, Odivelas e Amadora são servidas pelo Metro, e Loures, território com mais de 200 mil habitantes, tem uma única estação, em Moscavide.

Esta situação, para além de claramente injusta, é um retrocesso na estratégia de desenvolvimento do Município de Loures que o Partido Socialista sempre prosseguiu, para além de ser, do ponto de vista das prioridades, um erro colossal.

Devemos procurar melhorar a qualidade de vida das populações e das cidades, tentando reduzir o entupimento nas suas entradas e saídas, diminuindo o fluxo das cerca de 97 mil viagens, que diariamente entram em Lisboa provenientes de Loures (a maior parte delas em transporte individual), apoiando dessa forma a descarbonização.

A opção deveria ser incentivar o uso do transporte público (a redução tarifária é um grande incentivo). Não expandir a rede de Metropolitano a Loures, o único eixo da Área Metropolitana de Lisboa que não é servido por um meio de transporte pesado, é um sinal contrário a uma política de desenvolvimento sustentado e sustentável.

Quando a maior parte das grandes metrópoles europeias já promoveu redes eficazes de transportes públicos que servem as periferias, a não expansão do Metro para Loures, é algo que prejudica gravemente um território onde residem muitos milhares de pessoas.

Entendo que a opção pela Linha Circular em Lisboa, vai estabilizar um poderoso instrumento de mobilidade e robustecer o centro da cidade.

Assim, não coloco em causa a eventual necessidade da construção desta Linha Circular, mas é fundamental, até para a cidade de Lisboa, que a expansão do Metro se faça até Loures e, eventualmente, prossiga até à zona do Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL).

A Petição, lançada em Loures, que contou com o forte empenhamento dos lourenses e dos autarcas socialistas de Loures, que defende a concretização da extensão do Metro a Santo António dos Cavaleiros, Loures, Infantado, Portela e Sacavém, e que foi discutida recentemente na Assembleia da República, foi e será importante para, uma vez mais, colocar esta questão na ordem do dia das prioridades da mobilidade na AML.

É fundamental que no próximo Plano Nacional de Investimentos (PNI), seja alocada verba para a ligação, através da extensão da linha do Metro, mas também através de Transporte em Sítio Próprio, para as localidades atrás referidas, pois Loures, com mais de 200 mil habitantes, merece e reclama uma infraestrutura pesada de transporte, não obrigando a que dezenas de milhares de pessoas tenham de utilizar apenas o transporte público rodoviário (apesar do custo do mesmo ter baixado significativamente), ou, como é de resto a prática comum, o transporte individual, com todos os inconvenientes que daí resultam.

A AML irá receber, segundo o Ministro do Ambiente, cerca de 1,1 milhões de euros de financiamento comunitário, ao abrigo do próximo Programa de Financiamento, para a década de 2020.

Torna-se importante que parte desta verba possa ser utilizada no sentido de dotar este concelho de uma infraestrutura tão necessária e há tanto tempo reivindicada.

 

João Pedro Domingues

Professor

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