Quinta da Freixeira
Novo projeto sustentável
4 de dezembro de 2022
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O projecto urbano da Quinta da Freixeira, desenhado pelo gabinete de arquitectura MASS Lab parte de uma premissa: “estima-se que em 2030, uma em cada cinco pessoas que vivem em ambiente urbano vão querer morar no campo”.
Este novo empreendimento está localizado em Lousa, no concelho de Loures, na fronteira com o município de Mafra, no centro de um triângulo montanhoso compreendido entre as serras da Atalaia, Carregueira e Serves, o que lhe confere um tipo de paisagem distinta da habitual paisagem dos municípios da grande Lisboa. A Quinta da Freixeira remonta à primeira metade do século XVIII, num período marcado pela fixação de diversas actividades industriais, associadas às actividades agrícolas e pecuárias da região. Esta envolvência e património histórico são recuperados e fazem parte integrante do projecto delineado pelo atelier para a construção de uma “Comunidade”.
A casa original da quinta remonta à primeira metade do século XVIII
No local ainda se encontra a casa original da quinta, datada da primeira metade do século XVIII. Tendo sido sítio de paragem do Rei D. João V, constitui um ícone de Lousa e um dos pontos principais do edificado a preservar nesta intervenção. Já no século XX, a Quinta da Freixeira transformou-se num importante complexo industrial, com um papel determinante no crescimento da localidade de Lousa.
“A proposta integra a manutenção de elementos do ambiente industrial, como os fornos e chaminés, aos quais são associados diferentes papéis na materialização de um imaginário de regeneração, associados à caracterização do espaço público, assim como de alguns edifícios afectos a lotes privados que deverão ser respeitados, regenerados e integrados com o novo edificado a construir”, lê-se na proposta do projecto.
A construção de
uma comunidade
Mais do que a oferta residencial esta é uma proposta de criação de uma comunidade “centrada nas pessoas”, que aproveita “a envolvente natural para funções complementares à urbanização”, quer na vertente social quer na vertente de lazer e desporto.
Numa área com mais de 55 000 m2, apenas 11 000m2 estão previstos para habitação, distribuídos por 45 moradias e 38 apartamentos. Cerca de 7600 m2 estão destinados ao comércio, serviços, restauração, estando prevista ainda a criação de um pólo tecnológico. O projecto integra ainda uma residência sénior com capacidade para 120 utentes e uma unidade de cuidados continuados. Os diferentes programas de serviços, oferecem novos postos de trabalho, agregadores de espaços com opções de lazer, cultura e educação.
O projecto de arquitectura contempla ainda a criação de uma rede de espaços comunitários, zonas de hortas, desporto e parques infantis, bem como de uma rede pedonal de aproximação à natureza. “Toda a área da proposta está dotada de espaços de convívio do mais diferente ao mais específico: diferentes zonas de estar estão espalhadas pelo terreno, porém zonas mais específicas como zonas de horta, zona de exercício físico informal e parques infantis estão estrategicamente localizadas para que os utilizadores com interesses comuns possam usufruir e partilhar estes espaços”.
O pilar da sustentabilidade
O projecto assume desde a primeira hora o compromisso com a sustentabilidade, ambiental, mas também social e económica, com a redução de emissões e com a circularidade dos materiais. Em suma, “recorremos a estratégias que tornam a proposta sustentável do ponto de vista social, económico, hídrico e ambiental, de forma a tornar esta zona o menos dependente de outras centralidades. A presente solução enfatiza o sentido de comunidade e circularidade através de um conjunto auto-suficiente envolvendo e integrando os seus residentes”.
Afinal, “uma comunidade verde e resiliente tem de ser planeada, projectada e operada de forma a minimizar as emissões ao longo do ciclo de vida do seu desenvolvimento e da sua operação. O objectivo é atender às necessidades dos seus residentes, trabalhadores e visitantes, sendo capaz de criar um ambiente e lugar que responda às exigências contemporâneas de pessoas e negócios permitindo que a comunidade prospere”, justifica a equipa de arquitectos no documento de apresentação da Quinta da Freixeira.
Face à preocupação com as alterações climáticas, o projecto introduz um tipo de construção “com o mínimo impacto possível, considerando a impermeabilização do solo e facilitando o ciclo natural da água. Além disso, promove-se a criação de sistemas de armazenamento de águas da chuva que podem ser canalizados para o sistema de rega ou depósitos relativos a sistemas de segurança de contra incêndios”.
Na Quinta da Freixeira, o gabinete MASS Lab substitui o conceito de fim-de-vida da economia linear por novos fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, num processo integrado. “É um conceito estratégico que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Inspirando-se nos mecanismos dos ecossistemas naturais, que gerem os recursos a longo prazo num processo contínuo de reabsorção e reciclagem, este conceito promove um modelo económico reorganizado, através da coordenação dos sistemas de produção e consumo em circuitos fechados. Caracteriza-se como um processo dinâmico que exige compatibilidade técnica e económica, mas que também requer igualmente enquadramento social e institucional”. A proposta pretende promover a utilização de materiais provenientes desta economia circular, mas também a própria recolha de materiais e resíduos selectiva. Alcançar o “net zero” é assumidamente uma meta a cumprir.
A Quinta da Freixeira possui uma localização estratégica no contexto do Município de Loures e da Área Metropolitana de Lisboa, com acesso à A8 e proximidade a outros eixos rodoviários, como a A9, A1, A5 e A2, garantindo a ligação a Lisboa, Cascais, Sintra, Óbidos e Ericeira.