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Entrevistas

Entrevista à candidata do PS: Sónia Paixão

«Quero ter uma candidatura agregadora»

6 de maio de 2017
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Sónia Paixão é a candidata do Partido Socialista ao município de Loures. Define-se com uma jovem autarca do pós 25 de Abril, que tem muito orgulho nestes 40 anos do Poder Autárquico e que nunca esquecerá aquilo que foi desenvolvido e os que conquistaram este grande feito. No entanto, entende que este é o momento de chamar à Política aqueles que nunca tiveram oportunidade de o fazer, pretendendo chamar, assim, às eleições aqueles que deixaram de acreditar nos políticos. Quer ser diferente e ser agregadora, da Esquerda à Direita, dando voz a todos aqueles que ainda não tiveram oportunidade de o fazer.

 

Motivações

As principais motivações para a candidatura são uma grande paixão pelo Concelho, ao qual mantém uma ligação umbilical. Foi onde cresceu como pessoa, mulher e cidadã, numa Autarquia onde exerce a sua profissão desde 1999. Loures faz todo o sentido na sua vida e não se vê a candidatar-se a outro município que não este, onde sente que ainda tem muito para dar. Assume a candidatura como um objetivo individual, que passou a coletivo, não só partidário como extrapartidário.

 

O processo interno dentro do PS

Sónia Paixão assume que a disponibilidade para ser cabeça-de-lista à edilidade de Loures partiu de si, num processo aberto onde teve oportunidade de demonstrar esta vontade. Apesar de haver outros candidatos, a escolha recaiu em si de uma forma clara e sente que essa disputa interna terminou no momento em que foi eleita, tendo a convicção absoluta que os socialistas estão todos consigo, sentido que é uma candidatura agregadora dentro do Partido.

 

O crescimento na CM Lisboa

A passagem pela Câmara Municipal de Lisboa, após a derrota eleitoral em 2013, foi muito útil e enriquecedora, abrindo o leque de horizontes, tanto com o atual primeiro-ministro António Costa, que era o líder do município aquando da sua chegada, como com o atual, Fernando Medina. Apesar de não pretender copiar o que se faz em Lisboa, sente que alguns dos projetos implementados têm cabimento em Loures. A área da participação cívica será um deles, transpondo o que foi feito em Lisboa, no âmbito da participação dos eleitores no Orçamento Municipal, onde aí foi feito de uma forma clara e pioneira, segundo a candidata socialista. No Desporto, área onde está envolvida, tem a noção de que ainda muito há a fazer, essencialmente na promoção da atividade física. Outro dos projetos que pretende trazer são as incubadoras de empresas, onde defende que Lisboa também foi pioneira.

 

A lista

Depois de ter passado pela Habitação, Educação e Ação Social, em Loures e pelo Desporto, em Lisboa, tem noção de uma melhor preparação para o cargo de presidente de câmara. A equipa ainda não está definida, mas será forte, com experiência profissional e autárquica. A mudança também será algo que se fará notar, pois o PS tem muitas pessoas válidas e disponíveis. Os pelouros só serão definidos posteriormente, mas já tem uma certeza, há um pelouro que vai puxar para si, os Recursos Humanos.

 

A derrota de 2013

Não entende que ter feito parte da lista candidata em 2013 lhe seja prejudicial, apesar da derrota. O que vai fazer a população votar em si será o seu programa, o que não aconteceu nas últimas eleições, onde os eleitores não se reviram nas propostas socialistas, independentemente dos protagonistas. Admite erros no mandato 2009/13, mas só não erra quem não trabalha. Mesmo assim, mantém orgulho no legado do qual fez parte, ciente de que muitas coisas positivas foram feitas. Acredita que quem perdeu as eleições foi o PS e não a CDU que as venceu, pois os comunistas não subiram, foram os socialistas que desceram. O PS perdeu uma parte do eleitorado de 2009 e é nesses que está focada em recuperar.

 

Os adversários

Tem o maior respeito e consideração pelo atual presidente, Bernardino Soares, não sendo apanhada de surpresa pela sua recandidatura, algo que era muito expectável. De qualquer modo, não vê um trabalho positivo do atual edil, ficando muito aquém do esperado. Podia ter sido feito muito mais, como já referiu o vereador Fernando Costa, da Coligação Loures Sabe Mudar, que tem um acordo de governação com a CDU, dizendo que se poderia ter investido muito mais, pois era possível fazer mais algumas que estão identificadas como prioritárias.
Sobre André Ventura diz que terá muito gosto em conhecê-lo, em relação às críticas feitas, que a candidata socialista é fraca, apenas diz que tem um trabalho feito em Loures e não tece juízos de valor sobre pessoas que não conhece, preferindo ver as coisas pela positiva.

 

Objetivos para as Autárquicas 2017

Espera ter capacidade para diminuir a abstenção, esperando, através do Programa e que as pessoas que se têm excluído voltem a acreditar. Acredita que vai vencer as Eleições e recuperar parte do eleitorado socialista, que em 2013 se afastou. São eleições em que os candidatos contam.

 

A dívida deixada

Não querendo dizer que a dívida foi um bode expiatório do atual Presidente para não fazer mais obra, a verdade é que é que serve para justificar alguma inoperância. Entre o triénio de 2010/12 o PS amortizou 26 milhões de euros, enquanto a CDU entre 2014/16 amortizou 23 milhões. Se for acrescentado o investimento feito nesses períodos, a CDU investiu 48,7 milhões, enquanto o PS disponibilizou 64,2 milhões. Na Economia Social, que para os socialistas é uma bandeira importantíssima, o PS investiu 11,7 milhões e a CDU 7,7 milhões. Na Educação o resultado continua a ser favorável ao PS, com um investimento de 8,1 milhões no mesmo período, contra os 6,1 milhões da CDU. Ressalvou ainda que a requalificação do Parque Escolar foi um importante legado que o Partido Socialista deixou, com um investimento de 43 milhões e mais de 70 escolas requalificadas durante 12 anos, além de 18 milhões de euros em infraestruturas desportivas. Pelo contrário, no atual mandato não foi satisfeito o desejo dos moradores do Infantado, que tanto anseiam pelo pavilhão na Escola João Villaret, algo que teria sido concretizado com o PS, principalmente com o empréstimo de 12 milhões de euros contraído à Banca pelo atual Executivo.

 

A Auditoria


A Auditoria foi um flop. Apesar do reconhecimento feito aos trabalhadores da Câmara do departamento de Auditoria, criado pelo PS, esta devia ter sido feita por uma empresa externa.

 

Ambiente

Mais uma área que a preocupa, não só na qualidade no ar, onde se pode fazer a ligação os fenómenos de mobilidade sustentável, potenciando novas ciclovias, ligando as freguesias com um meio de transporte não poluente. Para isso é necessário levar o conceito às escolas, não basta construir ciclovias. Reabilitar a zona ribeirinha também está nas prioridades, com ligação aos concelhos de Vila Franca de Xira e Lisboa, apesar de não depender apenas da Câmara Municipal de Loures, mas também de privados e outras entidades públicas. Acima de tudo valorizar o Espaço Público.

 

Empresas municipais

O objetivo principal é mantê-las municipais. Manter a sua sustentabilidade é prioritário e, no que toca à Loures Parque, resolver alguns problemas, como os que existem em Moscavide, a quem foram retirados 100 lugares com a Revitalização. Uma coisa garante, Moscavide terá mais lugares de estacionamento, assim vença as Eleições.

 

Saúde

É uma área em que o PS é muito sensível, conseguindo trazer o Hospital Beatriz Ângelo para o Concelho, num investimento de 24 milhões de euros. Deseja mais e melhor Saúde para o Município. O caso da Unidade de Saúde Familiar de Santa Iria de Azóia é inadmissível, pois a CDU rejeitou a possibilidade da sua construção, por não querer comparticipar 20 ou 30%, algo que Sintra ou Amadora, por exemplo, fizeram. Para Sónia Paixão trabalhar com a Administração Central é um objetivo, aliás como entende que ficou demonstrado no Centro de Saúde de Moscavide, onde se chegou a acordo com o urbanizador para deixar, como uma das contrapartidas, o edifício onde hoje se localiza o mesmo.

 

Urbanismo

Uma área onde nunca chorou a herança recebida de 22 anos de Partido Comunista. Não só nas Áreas Urbanas de Génese Ilegal (AUGI), como nas barracas, preferindo arregaçar as mangas e arranjar soluções para a maioria das AUGI’s, não havendo comparação entre o número de alvarás de loteamento emitidos no primeiro mandato de PS e o do atual Executivo. Sente que houve um retrocesso no ritmo que existia em 2013 e no que há agora, fruto de algumas opções tomadas no atual Plano Diretor Municipal (PDM).

 

Educação

Os números que referiu no investimento feito em 2010/12, quando fazia parte da Administração Municipal, justificam a sua abertura. Depois da modernização que se efetuou cabe agora trabalhar em rede com os Agrupamentos e em uníssono para que os projetos educativos possam ir ao encontro das reais necessidades do território, tendo em conta as diferenças entre as zonas rurais e urbanas. Trazer projetos que existem em Lisboa, como desenvolver um programa de educação física para os alunos do primeiro ciclo.

 

Economia

Existe uma necessidade de continuar a captar grande investimento para o Concelho. Sente que há condições dentro da Área Metropolitana para que isso aconteça, como a logística e as redes viárias e cabe à Câmara Municipal criar incentivos para que tudo se concretize. Este ano houve um decréscimo no valor de Derrama para empresas com um índice de negócios inferior a 150 mil euros, uma proposta que o PS colocou em 2016 e foi rejeitada, sendo agora uma realidade, apenas em 2017. São este tipo de incentivos que pretende colocar ao dispor dos empresários, criando mais emprego, onde há grandes potencialidades. Incentivar os jovens é outra das premissas, seja através de empresas no setor primário, como às indústrias criativas e à Cultura.

 

Turismo

Espera que Bucelas arranque, depois de ser criado o Museu da Vinha e do Vinho e com a sua gastronomia possa ser um chamariz para os turistas. Criar uma rota para o turismo vitivinícola, como acontece noutros municípios. Existem rotas que foram abandonadas pela atual Administração que tinham o condão de atrair o Turismo. Assim que chegue à Câmara tem como objetivo estreitar a relação com a Associação do Turismo de Lisboa, tentar perceber com alguns operadores turísticos de que forma se pode incluir Bucelas no mapa das linhas turísticas da Área Metropolitana de Lisboa. Entende que se há turistas que passam uma manhã em Sintra, porque é que não podem passar meio-dia no concelho de Loures.

 

Ação Social

Não vê no atual mandato um projeto novo, na área da Ação Social, pretendendo criar mais e melhores respostas sociais, sejam direcionadas para a infância, para os seniores ou para pessoas com deficiência. Olhar para cada uma das freguesias e perceber quais são as áreas em que é necessário intervir é uma necessidade. Entende que Loures tem de ser um concelho amigo das famílias e, para que isso aconteça, as respostas sociais sejam uma evidência, em que a escola pública seja de qualidade, em que o acesso à Saúde seja uma garantia para todos, em que o espaço público seja de fruição, em que existam laços de vizinhança, algo que se tem vindo a perder ao longo das últimas décadas, um pouco por todo o lado. Sente que é este olhar diferenciador, para as pessoas diretamente, que fará que a população sinta orgulho em viver em Loures, um Concelho com mais de 130 anos e que não precisa de ser colocado no mapa.

 

Segurança

Uma das apostas foi a criação de um Contrato Local de Segurança que teve efeitos muito positivos e, pena é, que o atual Executivo não o tenha alargado a todo o Concelho. Outra das apostas socialistas foi a Polícia Municipal, que apesar de ser efetivada no atual mandato, é uma criação do anterior. Entende que é lamentável não ter crescido, mantendo-se os 18 agentes iniciais, para um Concelho que até há bem pouco tempo tinha 18 freguesias, tendo atualmente 10. Assim fica aquém das reais necessidades do Município, responsabilidade da Coligação Loures Sabe Mudar, que é quem tutela este pelouro. Por isso é necessário corporizar a polícia Municipal, não só no número de efetivos, como nas condições técnicas.

 

Impostos

Um dos objetivos é continuar a promover um alívio da carga fiscal, não só no IMI, como também no IRS. No passado, nos mandatos socialistas, não foi feito, porque a conjetura económica não permitiu, justifica a candidata.

 

Transportes

Tem como prioridade criar uma ligação entre os extremos do Concelho. A saída da A1 para São João da Talha também está nos planos, assim como a ligação da A10 à 2ª Circular ou o alargamento da CARRIS no Município. São matérias que necessitam de entendimentos com as operadoras e, nalgumas situações, com o Governo, mas está convencida que existirão outras janelas de oportunidade.

 

Cultura e Património

Para Sónia Paixão Cultura não são só concertos, é necessário um maior e melhor apoio ao movimento associativo. Crê que vai inovar com o seu Programa, fortalecendo as condições para que a Cultura seja uma realidade. Para isso pretende criar um espaço de cultura, apesar de não o poder prometer, estará na linha da frente das suas preocupações.
No Património pretende manter as suas raízes e criar sinergias entre as diferentes sensibilidades do Concelho. Revitalizar também estará na ordem do dia.

 

Novas áreas

Pretende implementar novas dinâmicas de desenvolvimento para o Concelho, em especial à Economia Digital, ao Marketing das Cidades, ao Planeamento e Promoção das Cidades, assim como o Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Também não esquece a Habitação Jovem, que no anterior mandato construiu 100 fogos e deixou abertas outras portas, mas que neste, em função do PDM, foram encerradas.

 

Pedro Santos Pereira

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