Andreia Martins portelense que vive na Austrália
«NA AUSTRÁLIA SENTIMOS QUE PODEMOS CONTRIBUIR PARA A MUDANÇA E INFLUENCIAR DECISÕES»
6 de agosto de 2016
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Como muitos lourenses, também Andreia Martins em determinado momento da sua vida optou por emigrar. Procurar melhores condições financeiras e um projecto de vida que servisse a sua família foram os principais propósitos. Alcançou tudo isto num país que recomenda, a Austrália, que lhe abriu novos horizontes e que não pensa em abandonar definitivamen¬te. Uma entrevista onde ainda dá a sua opinião sobre a Portela do seu tempo e a de agora.
Austrália
Como surgiu a possibilidade de ir para a Austrália?
Sempre gostei da hipótese de um dia poder vir a ter uma experiência interna¬cional. A hipótese surgiu dentro da minha empresa e reloquei-me para a Austrália.
Há quanto tempo se deu essa possibilidade?
Há quatro anos e meio.
Como caracteriza esta experiência?
Óptima experiência a nível pessoal e pro¬fissional, sendo que a Austrália é um País composto por emigrantes, onde existe grande respeito pela diversidade cultural. Por outro lado, é um País imenso, com muitas oportunidades profissionais, recur¬sos naturais e paisagens lindíssimas.
A adaptação foi difícil?
Muito fácil. Os australianos são um povo muito amigável.
Como descreve a Austrália e o povo australiano?
País desenvolvido onde existe verdadeira liberdade de expressão e onde as diferen¬ças são vistas como vantagens competiti¬vas. A população é muito “easy going” e bastante hospitaleira, às vezes ainda um pouco “naif”. Viver aqui é um pouco voltar às “origens”.
Pessoal
Sente-se feliz com esta nova etapa?
Muito feliz.
Como é que a família reagiu a esta mudança?
Muito bem, a minha filha adaptou-se lindamente (chegou com um ano e meio) e já é, quase, uma Aussie pura. O meu marido adora, especialmente pelo contacto cons¬tante com o mar (faz surf) e era também um dos sonhos dele, poder um dia viver num dos sítios pioneiros do Surf.
Pretende ficar na Austrália por muito tempo?
Sim, não tenho horizontes definidos.
Regressar é um objectivo?
Talvez, mas a ideia é nunca deixarmos completamente a Austrália. Pensamos poder criar uma “ponte” aérea Portugal/Europa-Austrália no futuro e, assim, apro¬veitar o Verão dos dois países!
Quais as maiores dificuldades que sente em viver tão longe do seu País natal?
A falta da família e dos amigos mais próxi¬mos e o que tudo isso implica em termos de dinâmica social.
Portela
Quanto tempo viveu na Portela?
Vivi na Portela durante 22 anos.
Ainda mantém relações com este bairro?
Claro que sim, tenho muitos amigos que vivem na Portela.
Como descreve a Portela?
A Portela é um condomínio aberto onde tudo pode acontecer! Toda a minha infân¬cia e juventude foi passada na Portela… e fui muito feliz!
Visitou a Portela no mês passado, denota algumas diferenças?
Muitas e para melhor. Acho que está bastante organizada, quer em termos de actividades desenvolvidas (mercados, arraiais, etc.), quer em termos estéticos com muita atenção ao detalhe, por exem¬plo das zonas verdes.
Também reparei que criaram vários parques infantis, mostrando uma preocupa¬ção com o equilíbrio familiar e com o bem-estar da população. Tudo isso contribui para fazer da Portela um sítio melhor para viver!
Se tivesse possibilidade, o que mudaria na Portela?
Criaria uma estação de Metro e reconstruiria a Esplanada – ponto de encontro da várias gerações.
Profissional
As perspectivas profissionais são positivas?
Sim, a Austrália é um país cheio de oportunidades, como já referi, onde existe a hipótese de nos desenvolvermos como profissionais, sem que isso incomode os outros que nos rodeiam.
Por norma, quando se emigra, é à procura de algo melhor. Confirmou-se no seu caso?
Sim, confirmou-se. Aqui as pessoas são respeitadas, não pelo que aparentam ser, mas pelo que realmente contribuem para que as coisas aconteçam. É uma meritocracia.
Que grandes diferenças sente no plano profissional entre Portugal e a Austrália?
A burocracia, a falta de transparência (interna e externa nas empresas) e os conluios existentes em Portugal minam, à partida, qualquer tipo de ideia/inovação, desmotivando as pessoas. Na Austrália as ideias são analisadas com cuidado, consideradas e, na maioria das vezes, se bem concretizadas, premiadas. Incentiva-se a criatividade e empreendedorismo em todos os layers das empresas, no sentido de tirar o maior partido de cada trabalha¬dor, aumentando assim a motivação e produtividade. Claro que o objectivo final continua a ser mais vendas e mais lucro para a empresa, no entanto, a grande diferença é que na Austrália sentimos que podemos contribuir para a mudança e influenciar decisões.
Aconselha a Austrália a quem tenha essa possibilidade?
Claro que sim. É um bom País para se viver.
Pedro Santos Pereira