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Entrevistas

Rita Redshoes acabou de lançar Rita Redshoes acabou de lançar o seu quarto álbum: “Her”

«Loures marcou-me imenso»

3 de dezembro de 2016
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Rita Redshoes acabou de lançar, durante o mês de novembro, o seu quarto álbum “Her”, gravado em Berlim. Foi este o motivo para uma conversa com a artista que nos abriu o coração sobre o álbum, a paixão pela música, o nome Redshoes e a sua vida em Loures.

Her”, o mais recente disco de Rita Redshoes, foi o pretexto para uma conversa com uma das artistas mais mediáticas do concelho de Loures. Muitas foram as revelações, como editar pela primeira vez canções em português, a paixão pela música que a levou a abdicar de ser psicóloga, a origem do nome Redshoes, as vivências de infância e adolescência em Loures que a marcam pela positiva, o desejo de regresso e a vontade de voltar a pisar um palco em Loures.

O álbum

Rita começou por descrever “Her” como um álbum diferente dos anteriores, o que vê como natural, dada a evolução individual que sofreu desde o primeiro disco editado, mas acima de tudo mais aberto, principalmente em comparação com o anterior. As músicas têm um formato mais clássico, a melodia, tanto na voz como nos arranjos de cordas, está intencionalmente presente. Assume a temática da mulher e do feminino, não de uma forma propositada, mas porque a dada altura as canções já compostas a isso indiciavam, sendo a mulher um assunto transversal a todas elas. Outra das curiosidades de “Her” é cantar na língua-mãe pela primeira vez, uma sensação diferente que levou a um desafio maior, mas natural, apesar de não sentir a obrigatoriedade de cantar em português. Para isso também terá contribuído a primeira canção escrita, “Vestido”, que foi um primeiro impulso para que tal acontecesse.

Este conjunto de músicas que compõem “Her” saíram de “dentro”, o que leva Rita a hesitar qual delas lhe cria maiores sensações, como se tivesse de escolher, de entre vários, apenas um filho. No entanto, consegue destacar a mensagem que conseguiu transmitir em “Life Is Huge” e a música que transmite a essência do disco “Mulher”.

Não crê que este álbum consiga ter um efeito aglutinador sobre a população portuguesa, apesar de gostar que assim fosse, mas acredita que, pelo menos dentro daqueles que a seguem, possa haver um espaço de reflexão sobre a posição da mulher, as suas causas e consequências.

A paixão pela música

Licenciada em Psicologia Clínica, Rita Redshoes nunca exerceu esta profissão. Isto porque quando estava no estágio do curso lançou o primeiro disco, que correu de feição, o que a elevou para outro patamar dentro do meio musical e depois porque a sua grande paixão sempre foi e será a Música, nunca pensando ser psicóloga, apesar de ter terminado a licenciatura. Desde os 14 anos que cantar e tocar é a sua principal premissa. A Psicologia só surgiu porque sempre se interessou pelo estudo e, acima de tudo, por ter passado por um processo de psicoterapia que a entusiasmou bastante, tendo criado uma curiosidade enorme nesta profissão, que tentou satisfazer optando por este curso na faculdade. Apesar da opção tomada ter sido o caminho musical, ainda hoje se interessa por alguns assuntos onde a psicologia tem influência, como a musicoterapia.

Redshoes para combater a timidez

O nome Redshoes apareceu para aniquilar a timidez inicial e expressar o seu universo musical. Se a segunda vontade está bem definida, na primeira hoje confessa-se menos afetada, o seu percurso profissional ajudou a debelar essa introversão. O nome Redshoes transporta-nos para uma quantidade de contos, filmes que têm uma conotação mágica. O “Feiticeiro de Oz” é um desses exemplos, em que os sapatos vermelhos nos elevam para outra dimensão, assim como “Let’s Dance” de David Bowie. É todo este imaginário mágico que levou Rita a escolher este “sobrenome”, que funcionava como a capa de super-heroína, com poderes sobrenaturais, para esconder a sua timidez. Além disso é um objeto tipicamente feminino que arrepia caminho. E no palco tudo isso é preciso, pois é um lugar que impõe respeito, onde se sente uma quantidade de emoções, cujas principais são a superação e a partilha daquilo que lhe é intrínseco, como as suas músicas, com uma plateia que acorre para as ouvir.

Loures

Loures é o sítio onde cresceu, mais concretamente Pinheiro de Loures. Um local que, através da sua serenidade e bucolismo, teve influência na mulher que é hoje. Foi aqui que aprendeu a liderar com a Natureza e todas as implicações que isso tem na sua modulação como pessoa, além de ser o local onde a sua grande paixão, a música, se iniciou e começou a dar frutos. Hoje sente vontade de voltar a tocar no seu Concelho, o seu álbum pode ser um bom pretexto, assim se conjuguem vontades e oportunidades, só tem pena que não exista um palco verdadeiramente ligado aos artistas dentro do Município. Ainda hoje Rita tem como desejo regressar, pois sente falta da liberdade de infância, de voltar a viver no campo e do contato com a Natureza que isso permite.

Pedro Santos Pereira

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